quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

21/12/2011

Às vezes,


o que nos resta sentir é saudade.


Outras,


a gente se proíbe!




(Bruno Campelo - 21/12/2011)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Humanoperolis

Aquela sala fechada,

Uma antena apontando ao céu,

A vizinha de bobs recolhendo, afoita, a roupa do varal

E, lá fora, a chuva cai.

Fina...

Fria...

Me enclausurando neste quarto

Ao som da boa música

À imagem da boa palavra

E à recordação do meu lugar,

Da minha concha

Que me alimenta

Fazendo-me pérola.

Mas não das melhores pérolas,

E sim das mais torpes,

Das mais vis,

Das mais humanizadas...

Humanoperolis...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Devaneio

E assim foi...

Dia após dia aquele incomodo passava.

Aquela angústia e aquela decepção.

Os dias foram se normalizando

- mesmo no inefável desejo de mudança -

E ali me acomodei.

Feliz.

Tranquilo

Em meu desespero cotidiano.

Mas lá, no meu cantinho interior,

Eu estava desvendando outros de mim

Sem alarmar nenhuma alteração.

O tempo foi justo comigo

Me oferecendo o meu tempo.

Mas veio, como uma onda gigante que engole a orla,

A mesma história de sempre.

O desejo do proibido que me segue, me atormenta,

Mas acompanhado de um detalhe que me acalanta.

Encontramo-nos, olhos nos olhos,

Eu

E um outro de mim.


(Bruno Campelo - 15/11/2011)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Três olhares

Eu me lembro bem. Era noite de abril. Muitos risos! O mesmo bar, as mesmas bebidas, as mesmas pessoas, os mesmos costumes.

A vida continuava a mesma de sempre. Por um lado uma calmaria que até incomodava, por outro aquele excesso de responsabilidades profissionais e sociais, que também incomodavam.

Sentado em minha mesa, sozinho, eu apenas observava o comportamento de cada pessoa que estava ali. À mesa ao lado, alguns atores comentavam a apresentação daquela noite. Numa outra, um pouco mais aconchegante, um casal trocava juras de amor eterno. Lá fora, um grupo de fumantes ria sem parar. E, no balcão, vidas solitárias tentavam se encontrar. Mas não eram elas que se encontravam.

Lá fora, sob a mesma árvore de sempre, aqueles amigos que tanto riam, viam chegar um outro homem. Parecia ser amigo de um deles. E esse homem foi apresentado a cada uma daquelas pessoas. Uma por uma, aperto de mão após aperto de mão, abraço após abraço, olho após olho. Mas, naquela última pessoa, não sei. Tive a impressão que não havia após olho. Aqueles olhos pareciam estar juntos. Se cruzaram e ficaram. De que forma eu não sabia, mas estavam juntos.

O tempo passava devagar. Entre idas ao banheiro e cigarros fumados, mais me impressionava a alegria lá fora. Então elegi aquele grupo, o mesmo grupo de sempre, como foco de minhas observações. Pareciam pessoas de boa classe, boa educação, índole.

Fiquei no meu canto, chopp após chopp, observando aqueles seres que estavam ali feito barões, reis, rainhas, príncipes em dia de festa. Bastava saber quem seria o bobo daquela côrte.
Mas não foi naquela noite em que o bobo se revelou.

Frustrado com essa constatação e um pouco embriagado, resolvi partir e deixá-los lá. Talvez na noite seguinte, quem sabe!?

E lá estava eu, noite após noite, intrigado com aquelas pessoas. Eu queria saber um pouco mais sobre elas. Meu voyeurismo naquele lugar era tanto que eu não me contentava em ficar longe daquelas relações interpessoais. Mas eu não as via mais. Salvo aquele homem. O que chegou depois. Ele também estava lá todas as noites, esperando o olhar complementar.

Foram seguidas noites assim. Mas, naquela quarta feira, para meu gozo interno, todos estavam lá. As mesmas risadas, os mesmos cigarros, as mesmas conversas. E os olhares se cruzavam. Ninguém percebia, apenas eles e eu. Talvez nem eles, pois se perdiam naquele deleite da visão.

Dessa vez, eram crescentes as trocas de olhares. Tantos textos eram ditos ali, em silêncio. Talvez fosse só isso, talvez nem quisessem saber mais sobre o outro. O prazer estava exatamente naquela aparente impossibilidade. O prazer ficou no não saber. Pelo menos naquela noite.

Outras noites vieram, outras semanas, outras pessoas. Mas eles sempre se encontravam naquela mesma árvore. Quando não, na mesma espera. Sempre um deles esperando uma chegada, um sinal.

Aquela relação misteriosa me interessava cada vez mais. Eu já não controlava. Estava lá todas as noites, bebendo os bons drinks servidos nas festas dos barões e esperando a espera alheia. Era como um mistério a ser desvendado. Seria mesmo por opção esse jogo ficar apenas no olhar? Eles não conversavam a sós. Se olhavam a sós.

Mais uma vez eu estava lá. E eu tinha a certeza que dessa vez os veria novamente. E foi o que aconteceu. Mais uma vez todos estavam lá.

Sexta feira. Era uma comemoração atípica. Muita gente junta, até mesmo pessoas antes não vistas. Todos, como de costume, e mesmo os sem costume, gargalhavam, brincavam, conversavam sobre arte, política, sociedade e todas as asneiras possíveis. Mas tinha um outro assunto que ninguém ouvia: o assunto do olhar. Era diferente dessa vez. Me parecia ter muito assunto. Me parecia que se conheciam em algum grau de relação.

Me intriguei com isso. Não aliviei sequer o momento dos cigarros. Eu estava sempre observando. E, assustado, confesso, viro-me para adentrar o salão principal e me deparo com os dois, a sós, no balcão. Aquele balcão onde os sozinhos se encontravam. Eles conversavam e se olhavam. O olhar falava mais que as palavras. Talvez não fosse conveniente soltar tais palavras num ambiente tão nobre. Talvez fosse um assunto proibido para os demais, mas eu entendi. Eles já eram eles. Não havia fuga, não havia riso, não havia drink, não havia côrte que os separassem. Eram plenos.

Aquele momento durou pouco. Talvez não pudessem se prolongar no momento a sós, onde todos os que estavam sós prolongavam suas noites. Logo retornaram ao agrupamento de barões, sob a frondosa árvore na área externa do palácio.

Não demorou muito e aquele homem foi embora. Depediu-se de todos como mandava a boa educação do ciclo e partiu. Pouco depois, partiram os outros e restaram apenas duas pessoas. Foi quando entendi claramente todos os olhares daqueles tempos. E entendi o motivo daquele rapaz não ter voltado até hoje: ele era um bobo aposentado. E se voltar, acredito que ficará no balcão das vidas solitárias, pois aqueles dois partiram juntos.

E, com certeza, hoje estarei lá, no mesmo cantinho, observando passo a passo daquela vitrina social. Sem tirar os olhos daquela mesma árvore.



(Bruno Campelo - 17/08/2011)

Do meu-nosso sonho

Essa noite eu tive um sonho.

Sonhei com quem tanto queria

E resolvia tudo!

Talvez fosse o sonho

De toda a realidade que quero e não tenho!

O sonho com você ao meu lado,

Enfrentando o outro lado,

A insegurança,

O medo!

E vivendo esse sonho real

De sermos juntos

Felizes

Mesmo que em sonho!



(Bruno Campelo - 26/09/11)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim:


esquenta e esfria,


aperta e daí afrouxa,


sossega e depois desinquieta.


O que ela quer da gente é coragem."




(Guimarães Rosa)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Já diziam Os Tribalistas...


"Eu não quero ganhar
Eu quero chegar junto
Sem perder
Eu quero um a um
Com você
No fundo
Não vê
Que eu só quero dar prazer
Me ensina a fazer
Canção com você
Em dois
Corpo a corpo
Me perder
Ganhar você"

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

EM MIM

Já era noite. Eu tomava meu café, ouvindo sempre as mesmas músicas. E pensava sempre a mesma coisa.

Aquela noite estava diferente. Era a segunda que eu não via, não ouvia, sequer sabia o que fazia ou por onde andava. Mas eu sabia que estávamos juntos em qualquer lugar do universo, onde nossos pensamentos se encontravam.

E ali, naquele cantinho escondido de nossas existências, chorávamos juntos, ainda que em silêncio, a ausência de estarmos juntos, fisicamente juntos.

Gota por gota, um novo café enchia minha xícara. E, no som, aquelas mesmas músicas...

Mas, dentro de mim, eu ouvia o SEU som, sentia o SEU cheiro e pingava todas as gotas do



NOSSO





suor.




(Bruno Campelo - 17/08/2011)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Intermináveis

Apenas um dia se passou

E já me parece insuportável essa dor.

A ausência, o não saber

O não falar,

Isso vai dilacerando aqui dentro.

Essas mãos trêmulas que aqui escrevem

Só querem uma única coisa

Todo o tempo:

Encontrar você!

(Bruno Campelo - 16/08/2011)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

15/08/2011

Sempre pensativo, continuava seus dias
Longos dias.

Ainda que exasperado,
Ele continuava.

Seguia lentamente,
Como se pisasse em ovos.

Procurava, de alguma forma,
Recuperar aquilo perdido.

Mas ele não se encontrava!

(Bruno Campelo - 15/08/2011)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pluvial

Naquele jovem surgiam rugas e cabelos brancos

Causados por todas aquelas mudanças:

De cidade, de conforto,

De objetivos, de vontades,

De bondades e maldades.

Mudança de costumes, companhias,

Homens, mulheres, crianças,

Senhoras e senhores.

Amores, medos,

Amores, sonhos,

Amores, segredos,

Amores, proponho.

Proponho risos, suspiros aliviados,

Gritos apaixonados, lágrimas daquela saudade gostosa!

E, para aquele jovem,

Proponho sair da frente do espelho

E ouvir a chuva lá fora.

(Bruno Campelo - 09/08/11)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Valores?

Olhei no espelho e vi

Lá no cantinho dos meus olhos

Que ainda resta um "quê"

De "você não vale nada"!

Fiquei pensativo por uns instantes

Mas, no fim das contas,

Até gostei do que vi.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

02/08/2011

São músicas, falas, textos que leio!

Tão estranha minha posição vista de fora,

Por fora.

Tudo me parece estranho.

Ainda que um inefável estranho

Me tome em seus braços

Dizendo belas palavras que,

Confesso,

Lampejam minhas entranhas

De forma tal a inquietar-me

O pensamento por infinitas horas.

Me fazendo perder a tramontana,

Mas redirecionando e reativando

Aquilo em mim perdido.

Arrebatado de qualquer medo

Enfrento uma realidade

A qual, avigorado,

Anseio transformação.




E estamos juntos.

(Bruno Campelo - 02/08/2011)

terça-feira, 26 de julho de 2011

26/07/2011

E, aos prantos,

Com o copo na mão trêmula,

Eu me negava a dizer!

Não por medo,

Não por vergonha,

Mas pela dor que aquilo me causava.

Era a primeira vez que me sentia assim,

Vulnerável.

Totalmente entregue ao que a vida me tinha escolhido

Sem perguntar se me era de boa vontade.


(Bruno Campelo)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Anti-horário

Tempo por tempo
Tenho meu tempo!

Meu tempo que se confunde
No tempo que nosso tempo
Se concretiza!

Meu tempo é seu tempo.

Meu tempo não é seu tempo.

Mas meu tempo, curto tempo,
É o tempo que tenho.

É o tempo que me dá tempo
Pra viver num tempo
Que nem o tempo imagina.

E mesmo que eu tema o tempo,
Que merda essa palavra...

"tempo"

(Bruno Campelo - 21/07/2011)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A quem eu quero

E me aparece assim,
De repente,
Como quem não quer nada!
Sentidos imersos em um turbilhão de pensamentos e desejos
Que se apropriam do corpo
Sem julgar certo e errado,
Apenas sendo
[e querendo fazer...
De forma tal que amedronta
Mas instiga uma força estranha
Quente
Deliciosa
No fervor do sangue, do pensamento
E do sentimento
Que não sabe o que se é!

(Bruno Campelo - 14/07/2011)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Dias

Um daqueles dias em que acordamos já esperando o amanhã.
Um daqueles dias em que perdemos o sentido de algumas coisas.
Que tomamos um chá atrás do outro.
Chá verde,
De camomila,
De cadeira,
De pensamentos.
Um daqueles dias em que a realidade nos derruba, pra machucar.
O dia da verdade
Nua e crua,
Sem vaselina para deslizar na alma.
Mas o dia continua
[Ainda sem que eu descubra seu sentido]
Com chás, cadeiras,
Pensamentos, realidades
E a verdade de esperar
Pelo dia de amanhã.
[ou depois, e depois, e depois...

(Bruno Campelo - 31/05/11)

terça-feira, 17 de maio de 2011

25/09/2008

Euforia perdida
No desenlaçar das horas
Dos dias
Do tempo.
Amor perdido
Pela ausencia ativa do ser.
Dúvida e medo
De mãos dadas
Na intenção de revelar,
Como bomba que explode,
A queda que chega e destrói.
Mói o peito que sente
Que deseja
Que busca
Que te quer.

(Bruno Campelo)

Auto biográfico

Às vezes a vida me parece regressa. Momentos se repetem, lembranças tomam a mente e a lágrima corre, mesmo que interna. Molha, inunda, preenche o buraco auto criado.
O vazio corrói. A ausencia corrói.
A dúvida corrói.
O medo destrói.
O fim é próximo mas não é fim.
[Caminho cego]
Um caminho escuro amedronta muitos. Precisa de uma descoberta.
Uma busca incessante. A completude como objetivo.
[Impossível]
Assim há uma aceitação. A necessidade de descobertas inacabáveis alimenta a esperança do pós-fim.
[Sequencia]

Luz
Compaixão
Paz
Deus
Amigos
Educação
Respeito
Amor
Bem
Família
União
Saudade

(Bruno Campelo - 19/08/2008)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Todos los días

Todos los días
Recuerdo de tus besos
Recuerdo de tus cariños
Recuerdo de tu amor.

Todos los días
Quiero quedarme en tus besos
Quiero quedarme en tus cariños
Quiero quedarme en tu amor.

Todos los días estoy en tus besos
Estoy en tus cariños
Estoy en tu amor.

Todos los días soy tus besos
Soy tus cariños
Soy tu amor

Todos los días
Tengo la certeza
Me voy contigo.

Todos los días.

(Bruno Campelo - 25/08/2007)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Se me quisesses

Se tu me quisesses bem,
Não me terias largado aquela noite.
Se tu me quisesses bem,
Não me darias o choro.

Se tu me quisesses bem,
Não me terias mentido,
Não me terias traído,
Não me tratarias de tal forma.

Se tu me quisesses bem,
Não me farias ler tais palavras,
Tais histórias, tais vivências, tais
Amores tais...

Se tu me quisesses bem,
Estarias ao meu lado,
Proteger-me-ias do frio,
Do medo, da solidão.

Se tu me quisesses bem,
Eu não escreveria tão mal!


(Bruno Campelo)