segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Nós e amarrações

Minha transparência quanto aos meus sentimentos às vezes me incomoda! Me incomoda porque eu não sei segurar as palavras nem mesmo quando eu as escondo. Me incomoda porque tudo em mim é um livro aberto quando se fala de amor, e tudo é um cofre eternamente fechado quando não te confio uma gota d'água. Me irrita profundamente saber, inclusive, que eu estou abrindo isso aqui, publicamente. Olha só, que ridículo! De que te interessa saber cada palavra do que escrevo, sendo que seus problemas já são suficientes para te ocupar boa parte do seu tempo? De que interessa aos outros saber dos sentimentalismos banais de um jovem de 28 anos que, após altos e baixos - e isso eu posso garantir que já tive muitos e que nessa idade eles devem apenas estar começando - ainda se rende aos mais baixos altos da vida, incluindo expressões poéticas e palavras difíceis quando escreve? Mas tudo bem! Vou tentar facilitar dessa vez.


O ÓDIO


Primeiro quero levantar a seguinte questão: Quantas vezes você já odiou alguém?

Eu queria entender para que serve este sentimento. Sinceramente, é uma incógnita pra mim. Dos raros momentos que eu desconfio ter sentido isso, não demorou muito tempo pra perceber que num serve pra nada. Eu suspeito que o ódio deva servir unicamente para que a pessoa que sente fique mal. Olha que coisa mais banal! Além do mais, existem variações desse sentimento, correto? Tipos de ódio, uns maiores que outros, por uma quantidade maior ou menor de pessoas, coisas ou situações. Quem costuma sentir ódio me explica, por favor: o ódio é causado pelo outro ou por uma fraqueza e inferioridade de nós mesmos com o que achamos e sismamos em acreditar que somos e podemos? Eu tenho a forte suspeita que esse tal de ódio é tudo sisma da nossa cabeça. E eu odeio isso.


ANSIEDADE


Eu ia escrever apenas dois tópicos. Mas escrevendo agora sobre o ódio, fiquei ansioso em saber mais sobre outros sentimentos. E me perguntei sobre o que me deixa ansioso.

Eu fico ansioso com um monte de coisas. Com a necessidade de dinheiro, com a possibilidade de um bom trabalho, com uma consulta médica, com minhas obrigações caseiras e profissionais. Fico ansioso em vésperas de viagens, fico ansioso em chegar e em voltar. Fico ansioso na espera por telefonemas, sejam surpresas ou previstos, na espera por mensagens, respostas. Fico ansioso esperando a pessoa amada voltar pra perto, contando os minutos do encontro, do reencontro. Fico ansioso para visitar minha família. Fico ansioso pelo sucesso dos meus amigos e de todos os que gosto. Fico ansioso só de pensar que pode acontecer alguma situação que eu vá odiar!
A ansiedade é um sentimento muito estranho porque antecede tudo. É um sentimento sentido no escuro, às avessas. Em uma única palavra posso resumir a ansiedade: "SE".
Muitas vezes traz sensações ruins e também causa taquicardia, assim como o ódio. Mas tem hora que a ansiedade é boa demais. Principalmente quando acompanha alguns sentimentos que nos são bons por determinado tempo e/ou em determinadas situações.


DA MÁGOA


De repente, no universo que se cria, na ansiedade que se alimenta e estabelece, alguma coisa não acontece da forma que você queria, te deixando enfraquecido, aborrecido, triste e decepcionado. Nasce a mágoa.

Quando eu tinha poucos anos - muito menos dos poucos que já tenho - eu ganhei um vinil da Xuxa. Para os de menos idade que a pouca que eu tinha nessa época, vinil é um disco fino, preto e grande, que antecedeu o CD e era contemporâneo da Fita K7 (ou "cassete", como também era descrita e é como se encontra no Wikipédia). Bom, eu gostava muito do meu disco vinil da Xuxa.
Naquela época nós contávamos com uma secretária do lar. Acho que seu nome era Edna. Era bem humilde e tinha dois filhos, se não me engano (essas informações foram puxadas da memória em parceria com minha irmã).
Na casa do meu pai a gente sempre costumava juntar algumas coisas e doar. E é nesse momento que minha irmã se torna a bruxa má.
Em um determinado dia, provavelmente ensolarado e de muitas alegrias como nos contos de fada, algumas coisas foram selecionadas para doação para a Edna. E, no meio dessas coisas, minha doce vilã acrescentou meu vinil da Xuxa. Sim, meu vinil da Xuxa. Aquele da época do "Xou da Xuxa" que eu tanto gostava!
Não descobri no primeiro dia mas, quando descobri, experimentei o ódio por ela ter feito aquilo, a ansiedade de recuperar meu vinil (o que nunca aconteceu), e nunca esqueci dessa história: mágoa!


GRATIDÃO


Agradeço à minha irmã por ter me libertado daquelas músicas ainda na infância!


ESPERANÇA

"1 Ato de esperar. 2 Expectativa na aquisição de um bem que se deseja. 3 Aquilo que se espera, desejando. 4 A segunda das três virtudes teologais, simbolizada por uma âncora ou pela cor verde..." (http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=esperan%E7a).
Resumindo, acho que esperança é o que move o ser humano. É a válvula que se tem de um dia o que está ruim melhorar, de ter o que não se tem, do que está longe se tornar próximo, de alcançar objetivos.
Eu tenho esperanças diversas: de ficar rico, de ter uma vida feliz, de ter meu grande amor ao meu lado, do meu telefone tocar, tenho esperança de ver o mundo sem guerra e a esperança de que todos tenham essa esperança também e serei grato pela ansiedade que sinto pelo fim das mágoas e do ódio.
Acima de tudo, tenho esperança de um dia, como disse lá no início, deixar de me expor tanto como me exponho atualmente.


AMOR


Um sentimento que eu tenho certeza que todo e qualquer ser humano já sentiu e sente. Desse eu posso falar. E confesso que é o meu sentimento predileto.
Eu poderia passar horas escrevendo sobre o amor em todas as suas possibilidades. Seja Ágape, Fileo ou Eros. Porém, prefiro deixá-los sentir.
A mim cabe cair em minha própria armadilha e dizer que amo: meu pai, minha mãe, meus irmãos, meus familiares todos (incluo aqui minha madrasta e os parentes que já se foram), amo alguém da forma que nunca amei ninguém (e aqui entra a parte de declaração de amor explícita direcionada a quem é responsável pelos meus suspiros de esperança), amo meus amigos, minha profissão, a natureza, os animais (menos os ratos e as baratas), amo cada dificuldade que me faz crescer, amo Deus (e deixo este espaço aberto para os deuses que cada um escolhe pra si, ainda que seu deus seja você mesmo), amo escrever, amo mexer no facebook, amo fazer xixi e cocô, amo espirrar, amo estar vivo e talvez ame a ideia de um dia morrer, amo errar, odiar, tremer, chorar, agradecer, esperar, rir, ter medo e amar.


A FELICIDADE


Concordo com nosso contemporâneo Jeneci de que "felicidade é só questão de ser". E este sou eu. Um livro aberto. Aberto aos sentimentos todos juntos. Aberto a ser feliz a cada segundo que passa e a cada memória que guardo (ou perco, dependendo da situação).


A todos vocês que tiveram esse tempo ocioso de parar e ler todas essas tagarelices, eu deixo o convite de sermos felizes e sentirmos tudo o que se possa sentir. Ainda que o sentimento não esteja descrito acima, tenho certeza que ele está presente em cada palavra, em pelo menos uma das descrições. E o que me permito sentir agora, depois de me abrir a vocês: ALÍVIO!

2 comentários:

  1. Ô Cláudia! Obrigado! Eu que adoro saber que eles chegam até você e te fazem bem! Apareça sempre aqui! Um beijo enorme!!!

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